quinta-feira, 19 de agosto de 2010

TÉDIO

Aqui à mesa do café
vejo quem sai
com pressa, de corrida...

Aqui da mesa do café
vejo quem entra,
olhos sossegados que
procuram alguém para conversar.

Calmo, passeio o olhar
por chávenas e copos...
estala-me ao ouvido
o tinir dos vidros
no ar eleva-se o fumo de cigarros...
Perco-me no tempo sem distância.
Companheira minha, a ausência...

Moscas suspensas, no ar aborrecidas como se ali
estancara a vida.
O tédio cerca todos como fumo,
sono, sonhos, letragia...
De súbito, uma voz grave ao fundo:
-- Uma bica.

Joseia Matos Mira

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