segunda-feira, 30 de agosto de 2010

ORIGINAIS

Repito tanta coisa por dentro da
cabeça. Roda a girar ao longo
de mil letras. Repetidas por dentro
da cabeça. Tanta coisa a girar

como pião, ou verso de criança.
Canção que como roda, ou de roda
já não. Por dentro da cabeça, o
verso é fácil. Produzi-lo depois,

refazer coisas, as mesmas re-
petidas por dentro da cabeça.
A arte do copista por serão.
A arte do poeta, que já não.

Que foi, antes de tudo, repe-
tido. Quando o original:
salteador, bandido. Tudo,
menos vulgar ladrão.

Ana Luísa Amaral

Sem comentários: