tentou-me, em tua boca mal pintada,
nos teus olhos azuis d'alucinada,
na estopa a rir da tua cabeleira.
Minha arte d'amar pelotiqueira,
deu fogo à tua carne inanimada,
tornando mais gentil e articulada
a boneca que fosses duma feira.
Levando ao ar um braço, eras adeus
a uma estranha mulher que em ti morrera
e cujo busto nu vejo entre véus...
E ao descerrares a acre flor da boca
a tua voz sonâmbula, de cera,
já era um eco d'alma em alma oca!
Coimbra, 1926
Edmundo de Bettencourt
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