terça-feira, 31 de agosto de 2010

SOROR PÁLIDA

Bem haja inda esse raio solitário
da luz que, tanta, em mim resplandecia;
esse que -- único e triste alampadário --
as ruínas desta alma inda alumia;

e da piedosa visão, que ante o sacrário
da antiga fé, se ajoelhou, sombria,
e, pelas negras contas do rosário,
o rosário das lágrimas desfia...

Bem haja essa que, pálida e marmórea,
do amor extinto inda soluça o nome,
debulhando-lhe as sílabas ao vento;

e inda depõe no túmulo, onde a glória,
o sonho, a vida, a luz... tudo se some,
uma flor, uma frase, um pensamento.

Raimundo Correia

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