terça-feira, 7 de junho de 2011

LINHA DA MÃO

Hiato na linha da mão
junto à pequena mancha azul
de tinta da última carta.
Paisagem de poros, sulcos
e sombras, mergulhada na água
espessa de um postal sem data
das baías nocturnas
exaustas do vento do mar.
Corte oblíquo na palma húmida
que esmaga a asa
do insecto sobre o vidro
onde a imagem se bifurca
e a boca torna baços, difusos
os rostos que se perdem na distância
de um aceno à despedida.

José Jorge Letria

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