quarta-feira, 1 de junho de 2011

O FUMO

Do meu quarto, que dá sobre uns quintais,
Descubro todo o bairro; e, muita vez,
Vejo, evolar-se o fumo em espirais
                    Das negras chaminés.

Quando vou à janela, ao Sol poente,
Horas em Junho de acender os lares,
Meus olhos vão seguindo longamente
                    O fumo pelos ares.

E penso ver formarem-se na vasta
Imensidade, esplêndidas imagens;
Até que o fumo pelo Azul se gasta
                    Nas mais altas viagens.

Todo este quadro é tão banal, que então
Chego a rir-me de mim, do que resumo
Na minha eterna e doce aspiração...
                    Que se assemelha ao fumo.

António Fogaça

2 comentários:

Carla Diacov disse...

uns fumos a guardar...

Ricardo António Alves disse...

Ainda bem que gostou, Carla.