quarta-feira, 8 de junho de 2011

ETERNO SÍMBOLO

Aureolado da opala, o topázio, a ametista
que o sol occíduo põe na agonia da tarde,
o monte que de légua, ou de léguas, se avista,
do amplo juso à cimeira, em pedrarias arde.

À sumptuosa mudez não há olhar que resista,
nem ao quieto esplendor quem se não acobarde.
Um silêncio de luz lhe vai da base à crista:
é o féretro da pompa, é o túmulo do alarde.

Em tal fulguração, translúcido, irradia
e essa translucidez que é apenas ilusória,
deixa ver que há um Além, além da fantasia.

Desce lenta, entretanto, a noite merencória...
Queda-se a natureza, amortalhada e fria,
na saudosa visão de um momento de glória.

Emílio de Meneses

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