os meus dias passei-os a chorar
no meu mundo
meu inferno.
Os braços trabalhando
para um mundo alheio
os meus dedos musicando
para o mundo alheio.
Meu mundo
meu inferno.
E ainda choro hoje
mas de vergonha
de pejo
por ter vivido num mundo inferno
sem ter tido ao menos alma para morrer
1948
Agostinho Neto
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