quinta-feira, 15 de setembro de 2011

AQUELE QUE PASSA

O desconhecido que passa e te acha ainda digna de uma fugidia palavra de desejo,
Talvez porque na sombra da noite tão doce de Maio
Ainda resplendem teus olhos, ainda tem vinte anos a ligeira figuras deslizante,
Não sabe que foste amada, por aquele que amaste amada, em plena e soberba delícia de
                                                                                                                              [amor,
E em ti não há membro ou ponta de carne ou átomo de alma que não tenha uma marca de
                                                                                                                              [amor.
Que tu viveste apenas para amar aquele que te amava,
E nem que quisesses podias arrancar de ti essa veste que o amor teceu.
Ele, ignaro, em ti já não bela, em ti já não jovem, saúda a graça do deus:
Respira, passando em ti, jão não bela, em ti já não jovem, o aromo precioso do deus:
Só porque o levas contigo, doce relíquia à sombra de um sacrário.

Ada Negri

(Jorge de Sena)

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