domingo, 29 de agosto de 2010

VISITAÇÃO

Quando morreste, voltei-me para o silêncio
(riam-se os deuses, de mofa, com certeza)
e prometi-te que nunca mais pecava...
Silêncio: claustro de distâncias infinitas,
por onde um monge vai, em penitência,
curvado, mas levantando um círio ardente
que lhe desvenda a noite:
chão de pedra,
nas margens dos capitéis, mortos nas ervas,
e dos votos, rasgados, entre as sombras.

Oh minha mãe, falhei, mas amanhã
eu partirei de novo para a tarefa...
É tua, ao menos, essa ingenuidade.


José Fernandes Fafe

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