sábado, 23 de outubro de 2010

VERDE

O verde tenro e vivo de folhagem,
presépio dos meus sonhos em menino,
pôs-se de luto a par com o meu destino,
cego-me a vê-lo imagem de miragem...

Quando iludido o busco na ramagem,
já com seus tons mais brandos não atino,
e nesta escuridão só me ilumino
vendo-o compor-me interior paisagem:

-- Paisagem doutro verde que de mim
sai alongada em foco para a terra
a procurar vencer-lhe a cerração,

E aonde num crepúsculo sem fim,
tonta, a Esperança esvoaçando, erra
sobre torres de encanto e de traição!

Edmundo de Bettencourt

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