as pálpebras eram incolores. vinham anónimas.
transfiguradas em cada árvore. em cada ramo.
procurando a humanidade em tons de inverno.
porque era nesses tons que nós vivíamos. incrédula e
intemporal era a viagem. os apeadeiros eram curtos e
sem-cerimónia. pelas janelas ainda víamos as cerejeiras
que renasciam pelo natal. ou seriam as amendoeiras
que brotavam. amenas, deliciosas. com o nevoeiro os
olhos ficavam indecisos. talvez sombrios. nós agora
vemos apenas o que sentimos. e como é bom ainda
sentirmos neste inverno meu amor.
Joaquim Manuel Pinto Serra
Sem comentários:
Enviar um comentário