sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Rosa, em teu trono, pra os da Antiguidade
era um cálice com um bordo simples.
Mas para nós és a flor plena, inumerável,
o objecto inesgotável.

Pareces na opulência trajo sobre trajo
a envolver um corpo de nada mais que brilho;
mas cada pétala tua é a um tempo só
fuga e negação de toda a roupagem.

De há séculos teu perfume nos proclama
os seus nomes de maior doçura;
de súbito, paira no ar como uma glória.

No entanto, não sabemos nomear, adivinhamos...
E para ele passa a lembrança
que pedimos às horas invocáveis.

Rainer Maria Rilke

(Paulo Quintela)

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