segunda-feira, 25 de outubro de 2010

POENTE

Morre a luz sobre o ar leve e macio,
É tarde, passa o vento devagar,
E o povo dos pinheiros, junto ao rio,
Em filas põe-se a vê-lo ir para o mar.

Sofregamente, as coisas, já com frio,
Guardam restos da luz, inda no ar,
E a sombra, pelo solo ermo e bravio,
Sonolenta, começa-se a deitar.

No ocaso, um rude monte, com cuidado,
Que o Sol não fique nele ensaguentado,
Parece agora mais redondo e mole;

E, no nome da Terra, em frente ao espaço,
Um castanheiro, ao longe, ergue o seu braço,
Comovido a dizer adeus ao Sol!

Nunes Claro

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