sábado, 23 de outubro de 2010

UM EPITÁFIO

Que tu morreste, Heráclito, me dizem.
Amargas novas de que choro amargo.
Chorava, e relembrava quantas vezes,
falando nós, o Sol se pôs exausto.

E agora que tu és, meu velho amigo,
de cinzas um punhado há muito frias,
ainda a tua voz, o rouxinol, não dorme:
omnipotente a Morte, contra a voz não pode.

Calímaco

(Jorge de Sena)

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