o homem que no seu tempo de vida
padece da árdua pergunta do corpo;
os indefesos animais devorados
em clausura pela sombra;
as nuvens no vórtice insano do vento;
a luz arrebatada à sombra e para ela
voltando no final;
o amor diante do rio do esquecimento.
Apenas o que carece de forma,
por de todas ser o molde,
é fonte de onde mana o conhecimento
misterioso do mundo:
em horas difíceis o que amamos
nele procura instantes de trégua,
refúgio de tenebrosa tempestade.
A esse, mais desconhecido do que a morte,
me dirijo, na inútil liturgia do poema,
para que te possa ungir as feridas do corpo
e te proteja na última morada da alma.
Jorge Gomes Miranda
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