quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ouve!
Suspende timidamente a âncora perdida:
Debruça-te ao de leve na trémula paisagem,
E depois suspira.

Ouve!
Efémeros são os sorrisos do orvalho:
As formas veladas espreitam, fugitivas,
O fluido das estrelas.

Ouve!
Prendeu-se o coração de alguém enamorado,
Lamentam as árvores nuas o herói adormecido,
E o instante pára.

Mas tu não ouves...
Só tu sobrevives e rasgas no abismo
Os véus castos do sonho!

Ruy Cinatti

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