quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

PARADA DOS ÂNGULOS AGUDOS

A Luiz de Montemor

Quando, altas horas, eu regresso ao leito
Cheio de tédio, insuportável, farto,
A estranha geometria do meu quarto
Põe ângulos agudos no meu peito...

Quero dormir -- não posso! Que profundo
Horror a minha vida miseranda!
E, aflito, do meu púlpito -- a varanda,
Prego a ilusão fantástica do Mundo!

E o luar, o luar magnífico e sereno,
Só ele compreende a minha dor
Porque me beija o rosto nazareno;

E que prazer -- meu Deus! -- eu sinto então,
Depois de ter pregado a Paz e o Amor,
Dormir, sonhar, por ti, meu coração!

Duarte de Viveiros

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