sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ÁFRICA

V

Reflectiu o arco-íris
as suas tonalidades múltiplas
sobre as pétalas virginais;
do fundo da terra
subiu até elas o perfume quente
das essências.

E logo foi rubra e ardente
a rosa tropical,
pálida a magnólia,
solene o cravo.

Nelas buscaram cor
as mariposas
e encheram as suas taças
os besouros;
nelas o Poeta e a abelha
encontraram a mais requintada doçura.

Brancas, verdes ou amarelas,
amo-as a todas
na sua pluralidade colorida,
na sua fragilidade perfumada.

Azuis, vermelhas ou roxas,
amo-as a todas
e peço-as
para os meus mortos
passados e futuros,
mortos da terra e do mar,
da escravidão e da liberdade,
peço flores para as novas bandeiras de África
que eu vejo desabrocharem no horizonte.

Manuel Lima

Sem comentários: