quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

CARTA A MARIANA

Só existes no prenúncio do teu nome
e na pulsão
crescente
da mãe
que há muito
te deseja
e quer
vir a ajuntar
à corola acetinada das boninas
a energia genética da espiga
e ao sabor agridoce da amora silvestre
o nome de um pai
que se reveja por igual no vosso olhar
gira as valências de um metal nobre
o bouquet subtil de vinho generoso
o timbre inebriante de uma voz

mariana
olhos verdes ou azuis
quais os meus
do colo da tua mãe
dá-lhe beijos
muitos beijos
por ti e por mim também
(se tu me chegares a ler
se tu vieres a nascer)

de longe acenar-te-ei
no papel vestibular
do pai que te acontecer

Rui Ferreira Bastos

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