'stá um menino a brincar,
'steja sombra esteja sol,
nunca deixa de folgar.
E a árvore foi crescendo
foi crescendo para o ar...
e o menino foi crescendo
já não sabia folgar.
Debaixo daquela árvore
com ELA está a falar.
A árvore já é grande
e o menino vai casar.
Um dia lá muito ao longe
'stava o menino a pensar,
e quedou-se mudo e triste
por já não saber folgar.
Já passaram muitos anos
por cima do seu pensar.
Debaixo daquela árvore
'stá um velhinho a chorar...
-- Porque choras tu velhinho?
o que te faz soluçar?
-- Se eu estou já tão velhinho
porque não hei-de chorar?
Quando eu era pequenino
vinha para aqui folgar,
agora que sou velhinho
venho para aqui chorar.
Uma voz se ouviu então
que vinha ao alto do ar:
-- Só és velho e vais morrer
por ter 'squecido o folgar...
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
À sombra da linda árvore
uma cruz foram plantar,
com um letreiro que diz
cousas que fazem cismar:
O SABER A VIDA, MATA.
O NÃO-SABER, FAZ CRIAR.
A MORTE SÓ CRIA A VIDA
P'RA MORRER DEPOIS DE AMAR.
Alberto de Hutra
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