segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

MEDITAÇÃO 6.

Naum 2.4. Tinge-se de rubro o escudo dos seus valentes, seus guerreiros vestem-se de escarlate; o aço dos carros preparados parece fogo, e os cavalos empinam-se. O mercador e os sonhos

Mais correcto seria dizer pesadelos.
Todavia, ao despertar de madrugada,
outros ruídos emergem distantes: as
pancadas ritmadas de um velho relógio

de sala, o restolhar de pássaros numa
água-furtada, a sirene de uma
ambulância, ou um cão ladrando muito,
muito longe, ou vento agitando os

plátanos, ou vozes de crianças... ainda
vozes de crianças. Um insecto imenso
baila no cortinado em fusão com o

fumo, uma breve encenação da luz.
O fumo anula o revérbero mas
aquelas vozes soam mais perto do sangue.

Mário Avelar

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