quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

MANÉ FÚ

Mané Fú

Louco que povoou a minha infância
Que contava histórias maravilhosas
Histórias de Branca Flor
De bruxas e de princesas

Mané Fú     Mané de Deus
Que tinha o corpo todo preto
Mas as palmas das mãos brancas
Porque às sextas-feiras subia aos céus
E ia banhar os anjos

Mané Fú      Mané de Deus
Outras histórias me empolgam hoje
Histórias de crianças famintas
(Lembro-me do filho da Violante
Que comia a cal das paredes)
Histórias de velhos abandonados
(Como aquele que morreu a chorar
No Pavilhão de Alienados
E não era doido)
Histórias de prostitutas
(Ah! humilhadas amigas)
Histórias tristes      nunca divulgadas

Virgílio Pires

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