domingo, 19 de dezembro de 2010

BREVE CANÇÃO DO VENTO OESTE

Ele há-de vir o vento oeste
ele há-de vir e há-de levar
as vãs palavras que escreveste.
Ele há-de vir com seu presságio
e os címbalos que já trazem o som do inverno
ele há-de vir o vento oeste e há-de apagar
o verão que parecia ser eterno.

Ele há-de vir com seu adágio
suas orquestras em convés que vão ao fundo
ele há-de vir e há-de apagar
a escrita a jura as ilusões do mundo.

Em cada verso há um naufrágio
não sei de poema que não seja mar

Foz do Arelho, 30-8-2003

Manuel Alegre

2 comentários:

rose marinho prado disse...

o movimento do poema...não sei como é que se consegue isso ...é o de alguém no convés dum navio vendo tudo sumir aos poucos.

Ricardo António Alves disse...

Sabe que ele é candidato presidencial, Rose?
E que eu vou votar nele?