segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

IDÍLIO MORTO

Que fará a esta hora a minha andina e meiga Rita
de junco e capulim;
agora que me asfixia Bizâncio e que dormita
o sangue, como débil conhaque, dentro em mim.

Onde estarão suas mãos que em posição contrita
engomavam nas tardes uma brancura ainda por ver;
agora, nesta chuva que me evita
o gosto de viver.

Que será de sua saia de flanela; de seus
trabalhos; seu andar;
do seu sabor a canas de maio do lugar.

Há-de estar à sua porta, olhando o céu nublado,
e a tremer dirá: «Oh que frio... meu Deus!»
E um pássaro selvagem chorará no telhado.

Cesar Vallejo

(José Bento)

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