terça-feira, 7 de dezembro de 2010

AUTO-CRÍTICA

Senhor! nunca me vi nem conheci
Dentro do negro abismo onde se esconde
O meu segredo humano, nem sei onde
Começa e acaba o que provém de ti!

Sei que errei o caminho e me perdi!
Agora, embora chame e grite e sonde,
No meu longo deserto, só responde
Ao longe, a voz do mar que nunca vi.

Em vão chamo por mim, em vão procuro
A luz que me pertence e que cintila
No fundo inquieto deste abismo escuro;

-- Fio de água sumido nas areias, --
Vejo estátuas dramáticas de argila
Com dedadas fatais de mão alheias!

Campos de Figueiredo

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