segunda-feira, 4 de outubro de 2010

UMA CANÇÃO DA PRIMAVERA

Nesta flor sem fruto que aspiramos
Eu vejo coisas que ninguém descobre:
Descubro o grão, o caule, os ramos,
E até o sulfato de cobre.

E ainda vejo o que ninguém mais vê:
Vejo a flor a desenhar-se em fruto.
E quer ela o dê, quer não dê,
É esse o fim por que luto.

Coimbra, 24.XI.949

Antero Abreu

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