terça-feira, 14 de dezembro de 2010

JORGE

Constantemente vejo o filho amado
Na minha escuridão, onde fulgura
A extática pupila da loucura,
Sinistra luz dum cérebro queimado.

Nas rugas de seu rosto macerado
Transpira a cruciantíssima tortura
Que escurentou na pobre alma tão pura
Talento, aspirações... tudo apagado!

Meu triste filho, passas vagabundo
Por sobre um grande mar calmo, profundo,
Sem bússola, sem norte e sem farol!

Nem gosto nem paixão te altera a vida!
Eu choro sem remédio a luz perdida...
Bem mais feliz és tu, que vês o sol.

Camilo Castelo Branco

2 comentários:

rose marinho prado disse...

Forte os textos dele, naõ , por serem românticos, mas por dele serem.

Ricardo António Alves disse...

É verdade, Rose. Versos de um pai cego sobre um filho louco.