no primeiro andar de um restaurante,
a uma mesa de janela,
estava eu com o poeta português Andrade,
um homem seco com gestos de adolescente.
Comíamos tripas e bebíamos o vinho da sua terra
e falávamos um tanto timidamente
das literatura dos nossos países e da França,
voltando sempre à revolução perdida,
enquanto lá em baixo brincavam os filhos dos pobres
e bolas de sabão voavam pela rua,
bola a bola passando pela nossa janela
e voltando sempre, a correr
contra o céu azul
até se desfazerem
contra os muros
sombrios das casas.
Wolfgang Bächler
(João Barrento)
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