quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Amo-te porque os teus lábios dizem: ama-me.
Beijo-te porque a tua boca suplica que te beije.
Trago-te no sangue,
nas lágrimas,
nos noivados das albas,
nos véus de tule dos crepúsculos.
Continuaria a amar-te
mesmo que as ausências não fossem (como são)
o calendário solar das memórias que me cabem.
As memórias e o jeito de interrogá-las.
Pergunto quanto ousaria se estivesses presente:
a harmonia dos gemidos,
a insurreição dos rios,
o incêndio das palavras.
Toco o meu corpo e converso com as tuas mãos.
Decifro um a um (serenamente) enternecidamente
os insubornáveis caracteres do desejo.
«Ama-me como se hoje fosse o primeiro
ou o último dia do mundo», dizes.
E eu deito-me sobre a tua pele
e cavalgo contigo até ao cansaço final.

Hugo Santos

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