O ser olha, e impassível,
Deixa cair sobre tudo
Um olhar que diz:
Não importa.
Olhos de aflição
Querem fingir um sorriso,
Calar ao menos a mágoa
Não aflijam alguém...
O ser olha, e só murmura:
Não importa.
A quem, amigo, me abraça,
A quem, inimigo, me fere,
O ser distante contempla:
Não importa!
Senhor!
Dai ao meu ser interesse,
Por grandes, pequenas misérias,
Da minha vida real!
Dai-lhe o ódio, amor, piedade,
Crueza, ternura -- vida!
Não deixeis que eu assim viva,
Tendo em mim um indiferente
De tudo sempre distante!
Adolfo Casais Monteiro
Sem comentários:
Enviar um comentário