sexta-feira, 12 de novembro de 2010

NOITE DE TORMENTA

A mão do vento é má e me procura;
fria, contra o meu rosto a não quisera,
mão que saiu de alguma sepultura
da mais perdida, mais remota era.

Nenhuma porta mais está segura:
o vento trouxe alguém que ali me espera,
alguém que com cicios de conjura
ri escarninho do pavor que gera.

Em noites de tormenta como esta,
penso na mão que outrora me acudia,
meigamente pousada em minha testa.

Cessou a chuva. O vento já não ouço.
A casa é como um berço... Principia
seu brando movimento de balouço...

Ribeiro Couto

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