A noite calma,
Ó quantas coisas
Me diz à alma!
Cessai, ó fontes
A ladainha;
Deixai a noite
Falar sozinha.
Quanto mistério,
Quanto segredo,
No ar perpassa
Como que a medo...
Ó voz da Noite,
Que comoção!
Como o teu, bate
Meu coração.
E a treva funda,
A treva densa
Tem um martírio
De mágoa imensa.
Treva da vida,
Quem não sofreu?
Ó céu azul
Que escureceu...
Por isso ecoa
Dentro em minh'alma
A voz silente
Da noite calma.
Armando Cortes-Rodrigues
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