Passam a vida, coitados!
Nesses buracos soturnos,
Abafados!
Saudosa flor esmaece
Na leira sequinha e erma...
Que deusa enferma
Em ti, falece?
E a borboleta viúva,
Que tem asas agoirentas,
Nas tardas horas cinzentas
De frio e chuva!
E as almas negras de penas,
Sobre a terra que se molha...
Que silêncio! Ouve-se apenas
Cair a folha...
E a voz do sapo encoberta,
Remota, espectral, sozinha,
Na cor lilás da noitinha
Já deserta...
E a do mocho?
Voz longínqua, sempre aos ais;
Voz do céu dorido e roxo,
Voz da Lua e dos pinhais.
Ermo cântico profundo,
Que se alumbra,
No silêncio deste mundo,
Como um círio na penumbra.
E esse pobre que faz dó,
Falto de siso, a esmolar...
Anda, de noite, ao luar,
A falar só!
Almas velhas e saudosas,
No mais trágico abandono,
Que se confessam às cousas,
Pelo Outono...
Teixeira de Pascoais
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