segunda-feira, 29 de novembro de 2010

MAR INCERTO

Que triste o som acorda à minha voz!
Como é pálida a luz do meu espelho
E a desse rio azul que não tem foz:
O tempo, em que me vou fazendo velho...

Dias loucos da infância, onde estais vós?
E a alegria -- esse cântico vermelho
Do sangue virgem que não tem avós?
Como se chama a sombra em que ajoelho?

Arfa, cansado, no meu peito um mar:
O mar remoto da remota Ilha
Onde as sereias cantam ao luar...

À esteira dos navios, as gaivotas
Gritam no céu, e o céu, lânguido, brilha
Sem ecos de vitórias ou derrotas.

António de Sousa

3 comentários:

rose marinho prado disse...

a melhor de hoje, ao menos, p mim.

Ricardo António Alves disse...

Ainda bem que gostou, Rose, mas o dia ainda não acabou...

rose marinho prado disse...

AINDA É ESSA!