quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A ARANHA

Num ângulo do tecto, ágil e astuta, a aranha,
Sobre invisível tear tecendo a ténue teia,
Arma o artístico ardil em que as moscas apanha
E, insidiosa e subtil, os insectos enleia.

Faz do fluido que flui das entranhas a estranha
E fina trama ideal de seda que a rodeia,
E, alargando o aranhol, os elos emaranha
Do alvo disco nupcial, que a luz do sol prateia.

Em flóculos de espuma urde, borda e desenha
O arabesco fatal, onde os palpos apoia
E, tenaz, a caçar os insectos se empenha.

Vive, mata e produz, nessa faina enfadonha:
E, o fascinante olhar a arder como jóia,
Morre na própria teia, onde trabalha e sonha.

Da Costa e Silva

2 comentários:

rose marinho prado disse...

Morre na própria tela...

Perfeita logopeia rs

Ricardo António Alves disse...

Oh, Rose, é uma perfeição, este poema.