"Tudo quanto há neste vale é cheio duma lembrança triste..."
Bernardim Ribeiro
Da torre, tange o sino brandamente
"Ave-Marias", pela branca aldeia,
Enquanto vem dum lado, a lua cheia,
E doutro, se despende o sol-poente...
Pelos freixos do "Pego", em minha frente,
Cansado já, um rouxinol gorgeia.
Vagam murmúrios d'água que serpeia,
-- Fontes deixando o vale, saudosamente...
E alguém vai cantando, estrada fora,
Um fado triste como a voz do mar
E o vago soluçar das ventanias...
Ó meu Amor! quisera, nesta hora,
Reclinar-me no teu seio, p'ra chorar,
Enquanto o sino tange "Ave-Marias"...
Bernardo de Passos
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