segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

CRIVO

Para a primeira pedra,
Não tive muro.
Minha roseira ficou sem rosas.
Todo o perfume de minha vida
pairou acima da gravidade.

Veio a segunda. Quebrou na vista.
Meu rosto ágil fez-se profundo.
Sorveu-a, lágrima. Ou estilhaçava
o seio imerso, de bolha dupla.
Transfigurei-a. Foi um salpico
de estrela d'água em minha boca.

Mas a terceira caiu-me dentro.
Só tive sangue para ampará-la.
Felizmente voltou ao sopro
da luz divina que eu respirava.

Adelaide Petters Lessa

2 comentários:

rose marinho prado disse...

Pedra que última já se sabe divina e portanto, não no meio do caminho e sim, a caminho do céu, em construção.

A anáfora, pedra pedra pedra, dá a força do eu lírico. Nem som quebra.

Ricardo António Alves disse...

Valeu, Rose!