quinta-feira, 2 de setembro de 2010

DOIS POEMAS DO MAR

Partir,
deixar a ilha tão pequena
que o vento nómada
bafeja
e as ondas do mar
rodeiam.

Fugir,
buscar terras mais ao longe
onde a alma errante
caminhe.

Partir,
deixar na terra o canto duma morna
que o emigrante
recorde.

Fugir,
deixar no mar o sulco branco
da hélice do vapor,
que as vagas mansas
apaguem...

Nos olhos a saudade retratada
da distância percorrida.

Noites de vigília
sonhando com a distância longínqua
o caminho por andar.

(Minha estrada de vagas verdes,
cintilação de salitre nas faces,
canção de ondas no costado.)

Só nos olhos
(saudade estranha)
a distância percorrida,
-- por percorrer.

Arnaldo França

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