de estearina na fina
mesinha onde escrevo.
Enquanto ela me ardia
da chama para os meus olhos
velhas lembranças seguiam.
E súbito sobre a parede
da velha casa onde moro
o mapa árido e breve
das ilhas do Caboverde.
Que vento não vem ou se agita
no barco em forma de vela
por dentro da casa fechada!
Que voz materna no écran
da ilha difusa difunde
meu nome em projecto?
Acendi hoje uma vela.
E enquanto me ela queimava
por sobre a mesa pessoas
vivas e mortas passavam.
Vela do exílio acendida
na noite de Moçambique:
pesado, inútil veleiro.
Vela do exílio, meu filho
com apenas um sopro apagas
a vela, o exílio não.
Gabriel Mariano
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