foram escritos para corroer -- à mosca --
a casta paciência do cão:
o bicho não pode viajar por entre laranjas
nem subir ao céu das árvores
para sonhar mais perto do caos.
O lugar das patas não pode ser denso
e muito menos aquecido por vermes.
Que focinho? Um cheiro possível de algas e
flores ratadas,um sino quebrado.
O animal (sentado) espreita a côdea
que lambe o beato fogo e o bolor.
É um artistas de almas em salmoira
movido a sopas de vinho
-- os pêlos altos, colados às rachas sulfurosas
do muro que foi de giestas.
A barba do cão faz anos
e nesses cabelos a crescer
ficamos todos mais velhos.
Palm -- 18 de Novembro de 1990
Fernando Grade
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