quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Vem, ó ninfa gentil, que não merece
o meu antigo amor que assim te escondas.
Vem, doura as águas desse mar que sondas,
bem como o faz o sol, quando amanhece.

Se a conversação minha te aborrece,
já não digo, cruel, que me respondas;
mas sequer, lá de longe, sobre as ondas,
a meus saudosos olhos aparece.

Como se me afigura, ó ninfa amada,
que já o cristalino corpo erguendo,
vens sobre as crespas ondas levantada!

Mas só vem meu engano aparecendo:
era uma onda -- ergueu-se encapelada...
lá se vai entre as outras desfazendo...

João Xavier de Matos

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