em teu dorso, ó verso.
O que não sou nasce em mim
e, máscara mais verdadeira
do que o rosto, toma conta
de meus símbolos terrestres.
Imaginação! teu véu
envolve humildes objetos
que na sombra resplandecem.
Vestíbulo do informulável,
poesia, és como a carne,
atrás de ti é que existes.
E as palavras são moedas.
Com elas, tudo compramos,
a árvore que nasce no espaço
e o mar que não escutamos,
formas tangíveis de um corpo
e a terra em que não pisamos.
Se inventar é o meu destino,
invento e invento-me. Canto.
Ledo Ivo
3 comentários:
esse poema deu vida a minha manhã...
belíssimo!
(reiventar é um verbo que vive na ponta da língua)
Ainda bem, Cris,
língua e reinvenção dão-se bem
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