quinta-feira, 17 de março de 2011

IN TENEBRIS

Tempo de inverno corre:
mas a dor do separar
essa não pode voltar:
duas vezes não se morre.

Voam pétalas de flor;
mas por já acontecido
este partir revivido
não pode trazer-me dor.

Aves desmaiam de medo:
que força pode perder
no negro frio a correr
quem perdeu dela o segredo?

As folhas gelam no frio;
mas que amizades amantes
podem gelar como dantes
quem no Inverno sumiu?

Que nos firam temporais;
mas o amor já não tortura
um coração que não dura:
este Inverno é como os mais.

Da noite o negro é limiar,
mas a noite não aterra
quem sem dúvidas se cerra
e só espera sem esperar.

Thomas Hardy

(Jorge de Sena)

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