quinta-feira, 24 de março de 2011

AVISO DE DESPEJO

O poeta mente quando diz
que o amor é uma flor rara,
colhida nos verdejantes jardins da vida.

O amor, deveria ele dizer,
é o ato de desespero
no qual o homem se agarra:
é o chão que anseia o suicida –
mas embaixoapenas abismo e caos.

Mente o poeta quando diz que o amor
é o porto seguro onde se ancora
e mente duplamente quando diz que Deus
nos fez para amarmos uns aos outros.

O amor, deveria ele dizer,
é a bóia que anseia o afogado,
masapenas água
e mais água em sua ânsia de boiar
acima um pouco de céu sem fundo
à baixo um universo de barro e lodo.

Amor é um cio estragado.


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