sexta-feira, 4 de março de 2011

A ARTE DA FUGA / I

Sempre lhe é possível
olhar-te de outra forma.
Vê como se inclina,
como toma a pressa de um café
na bancada quase suja,
como corre para teu olhar
na esperança da ignorância.
Quem és tu?
Houve um momento
em que quase estiveste aqui,
quando o sol fez janelas
no reflexo do teu relógio.
Fala devagar.
Pronuncia cada palavra,
ambíguo,
fazendo banalidades
com música de judeu,
fazendo circo, trapézios
no desleixo de teu cabelo.
Ignoras esse que te contempla
no canto do olho, sereno,
enredado no seu novelo,
gato por brincar contigo.

Pedro Braga Falcão

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