quarta-feira, 2 de março de 2011

DOS MORCEGOS

Em aparecendo os morcegos
tudo se volta do avesso,
com vento sudoeste as nuvens
cavalgam sem tom nem som.

Cinzento céu, fazes passar
uma ideia fantástica do mar.
Vento fustigante, sabes decorar
as memórias inexactas do tempo.

Vento violento, rente ao mar
no Março findo, cheio de viúvas
e candente de estrelas ao alvorecer.

Dos morcegos a cega sinfonia
corre pelos telhados, onde iria
um monge de costas tentar ver.

José Carlos González

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