terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

SAUDADE MINHA

Minha saudade as cousas transfigura
Num estranho delírio semelhante
Ao desse eterno cavaleiro-andante
Paladino do sonho e da loucura:

Minha saudade é fonte que murmura
E em seu cantar humilde e marulhante
Mata a sede que abrasa o caminhante
Só de o embalar na líquida ternura...

Minha saudade os mundos alumia,
Os mortos ressuscita e é um sol-nascente
Doirando ainda as trevas da agonia;

Minha saudade é a força misteriosa
Que torna cada cousa em mim presente
E a minha dor presente em cada cousa.

Anrique Paço d'Arcos

Sem comentários: