que as estrêlas aureolam a minha cabeça imaginativa;
que a todo o instante posso criar
tantos mundos ao sabor dos meus desejos.
Poderia dizer que sou um Deus;
que um gesto meu é capaz de multiplicar os pães
que as multidões mastigarão sofregamente;
que todos os homens vêm para a adoração do meu poder ilimitado.
Poderia dizer que sou um Deus;
que faço surgir nos desertos os trigais ondulantes;
que uma simples palavra minha provoca a fraternidade
entre os homens que se abraçam com um sorriso no rosto.
Mas sou, como os outros, telúrico e humano,
uso o silêncio da galocha, grito,
trabalho e sinto fome, oceânico e lúbrico,
ando com a barba por fazer.
Aluízio Medeiros
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