quinta-feira, 9 de setembro de 2010

SONETO

Nas mornas solidões, lá nas florestas virgens,
Onde sonham ao luar estáticos pauis,
As nuvens sensuais têm súbitas vertigens:
Chuvas torrenciais, relâmpagos azuis!

Langorosas d'amor vêm as noites macias,
Com seu vago torpor de aroma e claridade,
E as estrelas, no céu, mais brilhantes e frias
Ostentam a nudez da sua virgindade!

Assim no coração imenso dos poetas,
Após as vivas dores, as torturas secretas,
Que no silêncio, audaz, criou seu pensamento,

Como que a vida ganha um sentido maior,
A mais longe se espraia a onda do amor,
Mais penetrante e doce é a luz do sentimento!

Coimbra.

Fausto José

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